Código
RC238
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará
Autores
- VITOR SEIJI LOPES KOYAMA (Interesse Comercial: NÃO)
- BERNARDO AUGUSTO OLIVEIRA MEIRA (Interesse Comercial: NÃO)
- WALDYR LIMA RIBEIRO NETO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
ESCLERITE NECROTIZANTE: UM RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar caso de esclerite necrotizante em paciente com PPD reator não responsivo ao tratamento de tuberculose.
Relato do Caso
Paciente do sexo feminino, 45 anos, abriu quadro de hiperemia ocular inicialmente a esquerda e logo após a direita em novembro de 2020, sugestivo de esclerite nodular. Na investigação observou-se PPD 8mm e raio-x de tórax normal, portanto iniciado tratamento empírico para tuberculose e altas doses de glicocorticoides sem melhora após 4 meses de tratamento. Na ocasião evoluiu com artralgias e sua mãe tinha diagnóstico de artrite reumatoide, então foi encaminhada ao reumatologista para investigação. A paciente apresentava quadro de poliartrite crônica, aditiva e simétrica em cotovelos, joelhos, tornozelos, mãos e punhos, além de queixas de alopecia, xerostomia e xeroftalmia. Durante a investigação diagnóstica apresentava FAN nuclear pontilhado fino 1/640, fator reumatoide 21 UI/mL, anti-ro 280, anti-la 320, VHS 86, PCR 1,01. Enquanto que o hemograma, função renal, enzimas hepáticas, exame de urina, anti-CCP, C3 e C4 estavam normais. As sorologias para hepatites B, C, HIV, HTLV, toxoplasmose e sífilis foram negativas. O oftalmologista realizou teste de Schirmer que veio de 8mm em olho direito, tempo de ruptura de filme lacrimal de 3 segundos, teste de Lissamina verde normal, configurando quadro de olho seco. Assim, a paciente preenchia os critérios de doença de Sjogren e foi prescrito glicocorticoides, hidroxicloroquina e pulso de ciclofosfamida. Após duas pulsoterapias mensais com ciclofosfamida, apresentou melhora importante do quadro ocular.
Conclusão
Como o paciente não melhorou com o tratamento da tuberculose, decidiu-se rever o diagnóstico etiológico. Após uma história clínica minuciosa, observou-se que a paciente apresentava sintomas sugestivos de doença reumática. Durante a investigação adicional, foram encontrados auto-anticorpos que confirmaram a doença de Sjogren. Isso ressalta a importância de uma anamnese detalhada e exame físico minucioso para uma conclusão diagnóstica precisa, e instituição de tratamento efetivo.
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP