Título

TRATAMENTO DE HEMORRAGIA PRE-RETINIANA TIPO “SALMON PATCH” MACULAR EM CRIANÇA COM ANEMIA FALCIFORME: RELATO DE CASO

Objetivo

As alterações retinianas da doença falciforme (DF) são mais frequentes e graves nos genótipos SC e S-Thal e incluem achados não proliferativos e proliferativos. Até 40% dos pacientes com HbSC e 20% dos pacientes HbSS podem desenvolver retinopatia proliferativa (RP). O objetivo deste trabalho é relatar o caso de RP com envolvimento macular em criança com DF e sua evolução após tratamento com laserterapia.

Relato do Caso

Paciente, sexo masculino, 13 anos, com anemia falciforme, genótipo HbSC, queixa de “manchas na visão” em olho esquerdo (OE), há 4 dias da primeira avaliação. Ao exame: acuidade visual com correção: OD 20/20 e OE: 20/40. Biomicroscopia sem alterações em ambos os olhos. Fundoscopia OD: hemorragias do tipo “salmon patch” em toda a periferia, marcas de laser temporal, “black sunburst” periféricos. OE: hemorragias do tipo “salmon patch” e áreas de “black sunburst” periféricos. Após 14 dias, no retorno com exames, paciente relata piora do quadro. Ao exame, acuidade visual em OE: movimento de mãos e à fundoscopia apresentava “salmon patch” em região macular de OE. Angiografia evidenciava isquemia periférica com neovasos em OE, confirmando o quadro de retinopatia proliferativa falciforme estágio III, conforme classificação de Goldberg. Paciente realizou três sessões de fotocoagulação a laser. Em olho esquerdo, evoluiu com reabsorção completa da hemorragia macular e com membrana epirretiniana, confirmada pela tomografia de coerência óptica. Em OD, também houve reabsorção de hemorragias periféricas. Acuidade visual OD: 20/20 e OE: 20/40.

Conclusão

As alterações oculares mais importantes da anemia falciforme ocorrem pela obstrução dos vasos da retina. As hemorragias em “salmon-patch” em geral ocorrem na retina médio-periférica e o acometimento macular pode ser ameaçador à visão. O uso de laserterapia tem se mostrado efetivo no tratamento de pacientes com retinopatia falciforme. Porém, o principal tratamento ainda é a prevenção. É imprescindível o acompanhamento oftalmológico, cuja periodicidade deve ser determinada pela extensão e gravidade das alterações.