Código
RC034
Área Técnica
Doenças Sistêmicas
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Autores
- MONISE CASAGRANDE ARAGÃO (Interesse Comercial: NÃO)
- DEBORA RUPF (Interesse Comercial: NÃO)
- LUIZ GUILHERME MARCHESI MELLO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
OCLUSAO DE VEIA CENTRAL DA RETINA ASSOCIADA A CERATOUVEITE EM PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN
Objetivo
Relatar um caso raro de oclusão de veia central da retina (OVCR) e ceratouveíte em paciente com doença de Crohn (DC).
Relato do Caso
Paciente do sexo masculino, 31 anos, foi internado pelo serviço de Gastroenterologia por descompensação intestinal da DC, referindo embaçamento visual e hiperemia conjuntival em ambos os olhos (AO) recorrente há 2 anos, com piora significativa da acuidade visual (AV) em olho direito (OD) há 6 meses. Referiu diabetes mellitus tipo I, mal controlado, tabagismo e etilismo. Ao exame, a AV era de conta dedos a 2 metros em OD e 20/50 em olho esquerdo (OE) e os reflexos pupilares e a pressão intraocular eram normais. À biomicroscopia de segmento anterior de OD apresentava hiperemia conjuntival 1+/4, neovascularização corneana inferior, precipitados ceráticos (PKs) finos, ceratopatia em faixa e reação de câmara anterior (RCA) de 0,5+. Em OE, apresentava ceratite difusa com ulceração de periferia inferior (PUK), PKs finos e RCA 0,5+. À fundoscopia de OD, o disco óptico era borrado, com ingurgitamento venoso difuso e múltiplas hemorragias retinianas em chama de vela e ponto borrão nos quatro quadrantes e peripapilares, com edema macular associado (Figura 1). A avaliação do fundo de olho do OE era normal. Foi indicado o uso de colírio lubrificante sem conservantes de 1/1h AO, colírio de prednisolona 1mg/ml 5x/dia AO, 3 aplicações de anti-VEGF em OD e imunossupressão sistêmica com Azatioprina 2,5mg/kg, reforçando a necessidade do controle do DM e suspensão de tabagismo e etilismo.
Conclusão
As principais manifestações das doenças inflamatórias intestinais (DII) ocorrem no trato gastrointestinal, mas muitos pacientes podem apresentar lesões extraintestinais. As manifestações oculares são descritas em no máximo 13% dos casos, especialmente como episclerite, esclerite e uveíte. A OVCR e a PUK são apresentações ainda mais raras, mas potencialmente graves à visão. Esse relato ressalta a importância da avaliação oftalmológica nas DII e do controle de comorbidades sistêmicas associadas.
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP