Grand Round - Sessão de Relato de Caso Oral


Código

GR12

Área Técnica

Neuroftalmologia

Instituição onde foi realizado o trabalho

  • Principal: Faculdade de Medicina do Trabalho do Triângulo Mineiro (UFTM)

Autores

  • FILLIPE LAIGNIER RODRIGUES DE LACERDA (Interesse Comercial: NÃO)
  • FIRMANI MELLO BENTO DE SENNE (Interesse Comercial: NÃO)
  • TIAGO DE ASSIS QUITERIO (Interesse Comercial: NÃO)

Título

HEMIANOPSIA BITEMPORAL COMO SINAL DE NEUROPATIA OPTICA TOXICA GRAVE INDUZIDA POR ETAMBUTOL: RELATO DE CASO

Objetivo

Relatar um caso de neuropatia óptica tóxica por etambutol (NOE) com alteração incomum do campo visual (CV): hemianopsia bitemporal.

Relato do Caso

Paciente, 67 anos, sexo masculino, encaminhado por baixa acuidade visual (AV) súbita, indolor com piora progressiva há 3 semanas e associada a alteração da percepção de cores. Estava em tratamento de tuberculose por Mycobacterium avium, em uso de etambutol 19mg/kg/dia há 10 meses. Ao exame oftalmológico informou AV com correção (AVCC) de conta dedos para longe e J5 de perto em ambos os olhos (AO), biomicroscopia e tonometria dentro da normalidade, teste de Ishihara alterado para cores vermelho-verde e fundo de olho com palidez temporal do nervo óptico (NO) AO. Tomografia de coerência óptica inalterado. CV detectou hemianopsia bitemporal com escotoma central e cecocentral sobreposto AO. Realizada ressonância magnética de crânio, que não evidenciou alterações na via óptica. Dosagem de vitamina B12 e D normais. Diante do exposto, foi orientado suspenção imediata do etambutol, com observação clínica e acompanhamento mensal. Após 5 meses, paciente evoluiu com melhora da AVCC para 20/100 em olho direito, 20/70 no olho esquerdo e J2 para perto AO. Melhora da discromatopsia com teste de Ishihara normal e o CV com melhora importante do escotoma AO, embora ainda com perda difusa da sensibilidade. Foi mantida a conduta, paciente segue em observação.

Conclusão

Os sintomas da NOE surgem, normalmente, 4 a 12 meses após o início do etambutol. Para prevenção de danos graves, deve-se usar a menor dosagem apropriada e fazer acompanhamento regular da função visual para interromper, imediatamente, o uso, se necessário. Os principais defeitos no CV são escotomas centrais ou cecocentrais por disfunção papilomacular e menos comumente, defeitos bitemporais por dano seletivo nas fibras de cruzamento nasal do quiasma. A recuperação visual é variável e influenciada pela idade e demora na intervenção, mas o tempo médio é de 15 meses após a suspensão, por isso esses pacientes devem ser acompanhados por pelo menos 2 anos.

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