Código
RC015
Área Técnica
Córnea
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Ouro Verde
Autores
- MATEUS COSTA DIAS JUNIOR (Interesse Comercial: NÃO)
- RAFAELA LARANJEIRA SILVA (Interesse Comercial: NÃO)
- DANIEL ATHAYDE TEIXEIRA FARIA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
DEPOSITO CORNEANO BILATERAL EM PACIENTE USUARIA DE CLORPROMAZINA
Objetivo
O caso tem como objetivo discutir a importância do acompanhamento oftalmológico periódico de usuários de clorpromazina para o rastreio de alterações oculares, atentando-se ao tempo de exposição à droga e à posologia da mesma.
Relato do Caso
Paciente do sexo feminino, 70 anos, preta, atendida no ambulatório de oftalmologia do Hospital Ouro Verde, em Campinas (SP), Brasil, queixando-se de baixa acuidade visual progressiva em ambos os olhos. Estava em tratamento para psicose maníaco-depressiva com clorpromazina 300mg por dia por 14 anos, a dose total ultrapassou 2.000g. Não apresentava patologia oftalmológica prévia, realizou facoemusilficação mais implante de lente intraocular em olho direito em 2023. Exame oftalmológico: AV CC: OD:20/25 OE:20/70 Bio AO: depósitos granulares marrons difusos, mais proeminentes no estroma profundo e nível de endotélio e depósitos marrons subcapsulares anteriores centrais com padrão estrelado no cristalino de olho esquerdo; pseudofácica de OD; ausência de RCA ; reflexo pupilar reativo; catarata nuclear 2+/4+ em OE. Tonometria: 13mmHg (OD) e 11mmHg (OE). Fundoscopia indireta AO : retina aplicada em polo posterior, disco óptico e mácula sem alterações, vítreo claro. Escavação papilar de 0,4x0,4 (OD) e 0,4x0,3 (OE). O diagnóstico de depósitos corneanos e catarata secundária do uso de clorpromazina foi confirmado. Sugerimos tratamento cirúrgico devido a catarata em olho esquerdo e posterior refração.
Conclusão
As alterações causado pela clorpromazina ocorrem após dose cumulativa de 500g, afetando principalmente o cristalino e a córnea. A droga acelera o envelhecimento lenticular. A pigmentação do cristalino é rara com dosagem abaixo de 500g, mas aumenta entre 1.000 e 2.000g. Depósitos na córnea são geralmente presentes no estroma posterior, membrana de Descemet e endotélio. A dosagem deve ser reduzida ou um medicamento diferente deve ser usado caso apresente baixa acuidade visual. Concluindo que é fundamental o acompanhamento periódico com um oftalmologista de paciente em uso clorpromazina.
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP