TRAUMA OCULAR GRAVE NA INFANCIA: DESVENDANDO OS FATORES PARA FOCO NA PREVENÇAO
Descrever e compreender o perfil epidemiológico dos traumas oculares graves que necessitaram de abordagem cirúrgica em crianças de 0 a 10 anos, no período de 2018 a 2023 em hospital de referência em Oftalmologia de Santa Catarina, com vista a fortalecer campanhas preventivas.
Estudo descritivo, retrospectivo, quantitativo, com dados secundários coletados via registro de sistema hospitalar. As informações foram armazenadas e tabuladas no programa Microsoft Office Excel™. As variáveis analisadas foram: idade, sexo, local, mecanismo do trauma, acometimento ocular, cirurgia e atendimento oftalmológico prestado.
O total de 94 crianças de até 10 anos necessitaram de cirurgia oftalmológica em consequência de trauma ocular nos últimos 5 anos. Dessas, 60% (n=56) são do sexo masculino, 60% tem idade entre 0 a 5 anos, com moda entre 2 a 3 anos. Quanto ao local, 87% (n=82) dos acidentes ocorreram no ambiente doméstico, 3% na rua, 3% escola e 2% no trânsito. Os traumas penetrantes representam 51% (n=48) e a maior prevalência é no sexo masculino 67%(n=32), sendo a córnea a estrutura acometida em 81%(n=39) dos casos, com a lesão associada a objetos perfurantes como facas, estiletes ou tesouras em 14%(n=13). Lacerações palpebrais representam 48% (n=45), sendo a principal causa acidente por mordedura de cão em 29%(n=27), e nesses casos em 78%(n=21) evidenciam-se lesões em pálpebras inferiores com acometimento canalicular. Dos pacientes do estudo 100% receberam avaliação oftalmológica e 97%(n=92) foram operados por oftalmologistas.
O trauma ocular representa uma importante causa de morbidade na infância e esse estudo mostra que a maioria desses traumas decorrem de acidentes em ambiente doméstico, pela manipulação objetos perfurantes ou pela ação de cães da própria família. Ou seja, trata-se de situações que podem ser prevenidas pela limitação do acesso a itens potencialmente perigosos e mediação de um adulto nas atividades. Os dados dessa pesquisa visam incrementar programas de educação e prevenção ao trauma ocular na infância.
Epidemiologia
Educação em Saúde Ocular
HRSJ - Santa Catarina - Brasil
VALERI PEREIRA CAMARGO, GHERUSA HELENA MILBRATZ
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP