Título

RETINOPATIA DE PURTSCHER-LIKE APOS CHOQUE ELETRICO

Objetivo

A retinopatia de Purtscher, descrita pela primeira vez em 1910, é uma angiopatia retiniana traumática. Quando não está diretamente associada a traumas, é descrita como retinopatia Purtscher-like e já possui diversas causas descritas na literatura, sendo as mais comuns pancreatite aguda e crônica, embolia e insuficiência renal crônica.
A retinopatia Purtscher-like após choque elétrico, é uma condição pouco descrita na literatura, e seus mecanismos fisiopatológicos ainda não estão completamente elucidados.

Relato do Caso

Paciente P. S. E., 47 anos, masculino, procurou atendimento em outubro de 2022 referindo episódio de baixa acuidade visual em olho direito imediatamente após acidente com descarga elétrica de média tensão. Além da BAV em OD, sofreu queimaduras de 2º grau em mãos e pés, sem outro acometimento sistêmico.
Ao exame 13 dias após o incidente, apresentava AV com melhor correção em OD de 20/400 e de 20/20 em OE. À biomicroscopia apresentava hiposfagma já em reabsorção, córnea transparente, CA ampla e sem reação de câmara, íris trófica, cristalino transparente e pupila fotorreagente em e PIO de 14mmHg em AO.
Em mapeamento de retina foram visualizados exsudatos algodonosos peripapilares, hemorragias intra-retinianas e coágulos em vítreo em OD. Já em olho esquerdo, não havia alterações em FO. Exames complementaram a hipótese diagnóstica de retinopatia de Purtscher-like ao apresentar áreas de hipofluorescência em AGF e áreas de refletividade alterada, desorganização das camadas externas e aumento da espessura retiniana à OCT.
O paciente foi orientado a manter consultas de acompanhamento mensalmente e possíveis complicações, como a não melhora em acuidade visual. Não foi introduzida nenhuma terapia medicamentosa.

Conclusão

A retinopatia de Purtscher-like é uma angiopatia retiniana com baixa prevalência, que pode estar associada a acidentes com descarga elétrica sendo o seu diagnóstico clínico fundamental. O paciente deve ser orientado quanto ausência de tratamento eficaz e necessidade de acompanhamento clínico.