ULCERA ESCLERAL SECUNDARIA A EXERESE DE PTERIGIO TRATADA COM ENXERTO AUTOLOGO DE ESCLERA
O objetivo do presente relato é descrever um caso de enxerto de esclera autólogo como tratamento de úlcera escleral profunda - complicação tardia de exérese de pterígio.
Paciente do sexo feminino, 65 anos, portadora de DM2, com história de cirurgia de exérese de pterígio em ambos os olhos (AO) há 30 anos, foi encaminhada ao departamento de córnea para avaliação de lesão epitelial, após triagem em setor de catarata, já com indicação de facoemulsificação com colocação de lente intraocular. Ao exame oftalmológico, foi identificada lesão em epitélio corneano inferior em AO, com formato geográfico, iniciando em limbo e se estendendo em direção ao eixo, com bordas irregulares, e corando com fluoresceína, além de catarata nuclear grau II com vacúolos. Em OE, constatou-se presença de afinamento importante em esclera nasal, com exposição de tecido uveal. A acuidade visual com correção era de 20/50 em AO, com a seguinte refração: OD: ESF: plano; CYL -3,50 @10; OE: ESF -2,25; CYL -3,00 @180. Foi realizada Tomografia de Coerência Óptica que confirmou os achados da biomicroscopia, sendo indicada a cirurgia de enxerto de esclera homólogo e recobrimento conjuntival. Após a cirurgia, a paciente, satisfeita, evoluiu com boa integração do enxerto no leito receptor, sem apresentar complicações em pós-operatório imediato ou tardio.
Desde 1985, o enxerto autólogo de conjuntiva tem sido empregado no tratamento do pterígio visando à redução das taxas de recidiva. A esclera autóloga delaminada oferece melhor compatibilidade tecidual, evitando reações imunológicas e reabsorção, além de oferecer resistência tensional, o que facilita seu manuseio e adaptação. Comparativamente, é superior à técnica com periósteo, esclera e dura-máter homólogas. A mesma incisão conjuntival serve para preparar o leito receptor e colher a esclera delaminada, sem necessidade de sítios cirúrgicos adicionais. O principal benefício é o uso do mesmo tecido escleral autólogo e padrão histológico perdido durante a evolução da úlcera, contribuindo para melhores resultados.
Córnea
Instituto de Olhos Ciências Médicas - Minas Gerais - Brasil
FREDERICO MOREIRA MAN FU, RAFAEL TONELLI BERNARDES, ISADORA BRITO COELHO
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP