Título

HIPERTENSAO INTRACRANIANA IDIOPATICA ASSOCIADA AO USO DE TACROLIMUS EM PACIENTE COM SINDROME DE ALPORT

Objetivo

Relatar um caso de hipertensão intracraniana idiopática associada ao uso de tracrolimus.

Relato do Caso

Mulher, 31 anos, com queixa de piora de baixa acuidade visual (BAV) prévia em ambos os olhos (AO) associado a cefaleia intensa e vômitos. Apresentava história de doença renal crônica desde 1 ano de idade, hipoacusia e BAV, sendo diagnosticada posteriormente com Síndrome de Alport. Realizou transplante renal por glomerulosclerose segmentar focal aos 15 anos e, desde então, em uso crônico de Tacrolimus para imunossupressão e baixas doses de Prednisona por via oral.
Ao exame oftalmológico AO, apresentava acuidade visual de 0,1; à biomicroscopia, destacava-se a presença de lenticone anterior (imagem 1); ao exame de fundo de olho, evidenciaram-se edema de papila e múltiplas granulações branco-amareladas em região perifoveal (flecks). Foi realizada a retinografia que corroborou os achados fundoscópicos (imagem 2) e tomografia de coerência óptica que mostrou afinamento retiniano temporal à fóvea.
Na propedêutica complementar, a ressonância magnética e a angiotomografia de crânio não revelaram alterações estruturais. Após, foi realizada a coleta de líquor com destaque para a pressão de abertura de 42 milímetros de mercúrio.
Diante do quadro clínico e da normalidade dos exames de imagem, a hipótese aventada foi de hipertensão intracraniana idiopática associada ao uso de Tacrolimus. Foi iniciado tratamento com Acetazolamida e optado pela substituição do imunossupressor em uso por Ciclosporina. A paciente apresentou melhora clínica progressiva durante o seguimento.

Conclusão

A hipertensão intracraniana (HIC) é uma doença neurológica potencialmente grave com possível evolução para amaurose bilateral se não manejada adequadamente. Portanto, destaca-se a importância do acompanhamento multidisciplinar em pacientes de risco para detecção precoce e tratamento eficaz da condição.