OBSTRUÇAO DE VIA LACRIMAL BAIXA SECUNDARIA A SINDROME OCULOGLANDULAR DE PARINAUD POR ESPOROTRICOSE: UM RELATO DE CASO.
Relatar um caso de obstrução de via lacrimal baixa em um paciente com diagnóstico de esporotricose ocular.
F.A.V, homem, 57 anos, foi encaminhado ao ambulatório de oculoplástica do Hospital de Clínicas da UFPR, com histórico de síndrome oculoglandular de Parinaud por esporotricose em olho esquerdo (OE), de transmissão felina com diagnóstico clínico/epidemiológico em maio de 2021. Foi feito tratamento com Itraconazol 200 mg por 5 meses, com melhora importante dos sintomas e negativação de culturas em outubro de 2021. Na avaliação oftalmológica paciente referiu lacrimejamento e desconforto ocular a esquerda. Ao exame apresentava AVCC 20/20 parcial (OD) e 20/25(OE). Biomicroscopia OE: conjuntiva clara, córnea transparente, íris trófica, catarata incipiente, simbléfaro inferior, realizado expressão do saco lacrimal com saída de secreção. Diante do achado procedemos à propedêutica das vias lacrimais, com exame de Milder positivo 3+, sondagem hard stop em ponto lacrimal superior e inferior, e irrigação de via lacrimal negativa com refluxo pelos pontos lacrimais. Foi obtido o diagnóstico de obstrução de via lacrimal baixa em OE e optado pela correção cirúrgica. Realizado dacriocistorrinostomia externa e intubação com silicone a esquerda, sem intercorrências. Paciente evoluiu bem no pós operatório, com resolução do quadro obstrutivo.
A esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix spp. O aumento progressivo de sua incidência levou a OMS a categorizá-la entre as principais moléstias tropicais negligenciadas para o período 2021-2030. Apesar de a forma cutânea ser a mais comum, é frequente o acometimento ocular, principalmente na forma de conjuntivite granulomatosa. Contudo, a similaridade com outras conjuntivites e o não reconhecimento da doença podem ocasionar um diagnóstico tardio, consequentemente aumentando morbidade e sequelas clínicas. A abordagem oculoplástica de um caso de esporotricose é rara, e o presente relato reforça a importância de se atentar às diversas complicações oculares decorrentes da infecção.
Oculoplástica
Universidade Federal do Paraná (UFPR) - Paraná - Brasil
ANDRÉ REHBEIN SANTOS, NICHOLAS WISNIEWSKI SETTER, DEBORAH DE OLIVEIRA VERAS
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