DESAFIOS NA RECUPERAÇAO VISUAL APOS AFACIA TRAUMATICA EM CRIANÇA: ESTRATEGIAS DE OCLUSAO E INTERVENÇAO EM AMBLIOPIA
Destacar a importância do acompanhamento oftalmológico regular e da terapia de oclusão como abordagem eficaz em casos de afacia monocular, visando prevenir e tratar a ambliopia por supressão em pacientes pediátricos.
Paciente do sexo masculino, atualmente com 6 anos de idade, sofreu um trauma contuso no olho esquerdo (OE) aos 4 anos, resultando em catarata traumática. Submetido à cirurgia de facoemulsificação com implante de lente intraocular (LIO), no entanto, ocorreu luxação da LIO para a cavidade vítrea, e sem suporte à tentativa de implante secundário, foi optado por manter o paciente afácico.
Após a cirurgia, recebeu prescrição de óculos bifocais com a refração para longe: olho direito (OD) -3,50 - 1,00 x 85 e OE: +9,00 - 1,00 x 115. Houve uma perda de seguimento do paciente, que retornou para avaliação no departamento de oftalmopediatria um ano após a intervenção.
Na consulta, apresentava acuidade visual corrigida de 0,8 no olho direito e 0,1 no olho esquerdo, resultados inconsistentes com os achados pós-operatórios. Diante da considerável diferença de 12,50 dioptrias entre os olhos e da aniseiconia resultante, foi levantada a hipótese de ambliopia por supressão, decorrentes da incapacidade do córtex visual de processar imagens com diferenças significativas de tamanho entre os dois olhos.
Decidiu-se então iniciar a oclusão do olho direito por 6 horas diárias com o objetivo de estimular o uso do olho esquerdo. Após 8 semanas do tratamento foi notada uma melhora na acuidade de OE para 0,2. Subsequentemente, houve uma melhoria progressiva, atingindo 0,5 no ultimo atendimento. Paciente segue em tratamento e acompanhamento ainda pelo departamento de Oftalmopediatria.
A ambliopia decorre de estimulação cerebral anormal durante o desenvolvimento visual. Este caso enfatiza a importância de suspeitar e intervir precocemente, especialmente em casos de afacia, para evitar a ambliopia. A terapia de oclusão é eficaz e pode melhorar substancialmente a função visual a estereopsia e a qualidade de vida do paciente.
Oftalmopediatria
Santa Casa da Misericórdia de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
MARCELA BATISTA LOPES, ARTHUR OLIVEIRA RODRIGUES FRANGO, GABRIELA RIBEIRO GONÇALVES BOLINA BATISTA
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP