CORIORRETINOPATIA SEROSA CENTRAL RECORRENTE ASSOCIADA AO USO INADVERTIDO DE CORTICOSTEROIDE INJETAVEL AUTOAPLICADO
Relatar um caso de coriorretinopatia serosa central recorrente em ortopedista causado pelo uso inadvertido e irregular de corticosteróide injetável.
Sexo masculino, 49 anos, ortopedista, portador de epicondilite lateral em braço dominante, referiu metamorfopsia e micropsia em olho direito (OD) há 3 meses. Relatou quadro prévio de coriorretinopatia serosa central (CSC), há cerca de 2 anos, com melhora espontânea, associado a possível estresse emocional. Em episódio atual, suspeitou-se de novo CSC devido histórico de três infiltrações articulares com corticosteróides nos últimos oito meses para controle da dor. Atualmente, apresenta estabilização do quadro emocional. Ao exame, apresentava acuidade visual (AV) 20/40 OD e 20/20 em olho esquerdo (OE). Biomicroscopia em ambos os olhos (AO): sem alterações. Fundoscopia OD: alteração do relevo macular. À tomografia de coerência óptica (OCT) observou-se acúmulo de fluido subretiniano, sugestivo de descolamento de retina seroso central, convexo, bem delimitado e aumento da espessura coroideia em OD. Paciente orientado a suspender os corticosteróides e optou-se pelo tratamento clínico com espironolactona 25 mg de 8/8 horas por 2 meses por tratar-se de uma recidiva. Após o tratamento, o exame evidenciou AV 20/20 AO e novo OCT de mácula demonstrou área de afinamento retiniano temporal superior, apesar de toda melhora foveal com ausência de líquido subretiniano em OD. Atualmente, o paciente está em acompanhamento regular, em total melhora dos sintomas, sem uso do corticosteróide injetável.
A CSC é uma doença multifatorial, caracterizada pelo descolamento seroso da retina neurossensorial secundário à hiperpermeabilidade da coróide e à disfunção secundária do epitélio pigmentado da retina. Promove perda ou distorção aguda da visão central, micropsia e redução da sensibilidade ao contraste. Os esteróides, endógenos e exógenos, de qualquer via, estão fortemente associados a um risco aumentado de CSC. Nesse contexto, o tratamento com espironolactona apresenta-se como opção terapêutica.
Retina
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) - Espírito Santo - Brasil
KELLY LAHAS DICKSON, Fernando Filho, Thiago Cabral
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP