SINDROME DE VON HIPPEL-LINDAU: RELATO DE CASO
Descrever alterações oculares em uma paciente com Síndrome de Von Hippel-Lindau (VHL) atendida na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Paciente feminina, 18 anos, com queixa de baixa acuidade visual progressiva em olho esquerdo (OE). Diagnóstico prévio de feocromocitoma e adrenelectomia bilateral, história familiar positiva de feocromocitoma bilateral (mãe e primo).
Ao exame, acuidade visual (AV) com melhor correção de 20/20 em olho direito (OD) e 20/300 em OE. À biomicroscopia, segmento anterior sem alterações. À fundoscopia apresentava hemangioma capilar em periferia temporal de aproximadamente 1 diâmetro papilar (DP) em OD e hemangioma capilar justapapilar associado à exsudação e edema macular, além de hemangioma capilar em periferia temporal de aproximadamente 3 DP em OE (imagem). A Tomografia de Coerência Óptica macular (OCT) do OE apresentou edema macular com fluido intrarretiniano e subrretiniano, membrana epirretiniana incipiente e atenuação difusa das camadas da retina externa.
Realizado fotocoagulação a laser circundando hemangiomas temporais inferiores de ambos os olhos e aplicação de anti angiogênico em OE. Foi efetuado o rastreio genético, em conjunto com a equipe de endocrinologia, que confirmou o diagnóstico para Síndrome VHL. A paciente tem sido acompanhada regularmente há 4 anos pela equipe multidisciplinar, mantendo AV de 20/25 em OD e 20/200 em OE, com um quadro clínico estável.
A Síndrome de VHL é uma doença de neoplasias hereditárias múltiplas, com padrão autossômico dominante causada por uma mutação genética capaz de levar ao desenvolvimento de tumores benignos e malignos em diferentes órgãos. Os hemangiomas de retina são frequentemente a manifestação inicial da doença e surgem em 50% dos casos de VHL. Logo, é importante a avaliação oftalmológica regular tanto para a detecção e investigação precoce de lesões oculares, quanto para prevenção de complicações graves, tais como o descolamento de retina em pacientes portadores de VHL.
Retina
Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
EDUARDA TANUS STEFANI, FLÁVIA RECH GUAZZELLI, CHRISTOPHER BARROS NIEDERAUER
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP