TUMOR DE ORBITA EM PACIENTE COM DOENÇA RENAL CRONICA: RELATO DE CASO
Relatar o caso de um paciente com doença renal crônica (DRC) que desenvolveu tumoração em teto de órbita direita, com suspeita diagnóstica inicial de mieloma múltiplo, mas o estudo anatomopatológico evidenciou hipóteses diagnósticas raras na órbita e de características benignas.
Paciente masculino, 61 anos, doente renal crônico dialítico, encaminhado ao ambulatório de Oculoplástica de hospital de referência da Bahia com história de ptose palpebral, proptose e baixa acuidade visual progressivos em olho direito (OD) há um ano. Ao exame apresentava acuidade visual corrigida em OD de 20/25 e em olho esquerdo (OE) de 20/20. O exame externo evidenciou distopia inferior de OD com massa palpável superior de consistência firme. A pressão intraocular estava 24 e 12 mmHg em OD e OE respectivamente, sem outras alterações. Ressonância magnética mostrou lesão expansiva lobulada em parte superior da órbita direita, com possível caráter neoplásico, de dimensões 2,5 x 2,5 x 2,3 cm. Com a possibilidade de mieloma, realizou-se biópsia incisional que, ao estudo anatomopatológico, indicou lesão proliferativa de células gigantes sem atipia, sugerindo a possibilidade de Tumor de Células Gigantes ou Tumor Marrom. Solicitou-se exame sérico que apontou nível elevado de paratormônio (PTH), chegando a 1020 pg/ml (referência: até 88 pg/ml), e avaliação ultrassonografia com nódulos cervicais bilaterais de provável etiologia paratireoidiana. Fechou-se o diagnóstico de Tumor Marrom por hiperparatireoidismo secundário à DRC e o paciente foi encaminhado para tratamento clínico, havendo melhora gradual da lesão orbitária.
Pacientes com DRC podem evoluir com hiperparatireoidismo secundário, gerando Tumor Marrom, lesão focal de células gigantes fruto de remodelação óssea. Quando essa lesão acomete a órbita, dadas as características clínico-epidemiológicas, torna-se diagnóstico diferencial de doenças malignas como o mieloma múltiplo. Reforça-se a importância ágil da diferenciação, tenho em vista a possibilidade de regressão da lesão com o tratamento clínico.
Órbita
Hospital Universitário Professor Edgard Santos - UFBA - Bahia - Brasil
DANIEL TENÓRIO CAMÊLO SOARES, EVERTON AMARAL LIMA, MARILUZE MARIA SOUZA SARDINHA
Número de protocolo de comunicação à Anvisa: 2024023032
Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP