SINDROME DE CHANDLER E TRANSPLANTE CORNEANO: RELATO DE CASO
Este relato visa descrever um caso de um glaucoma secundário à Síndrome de Chandler, uma desordem do endotélio corneano.
Paciente masculino, 70 anos, diabético e hipertenso, procurou avaliação devido a baixa acuidade visual no olho direito (OD). Ao exame informava acuidade visual corrigida de 20/60 em OD e 20/20 em OE. Na biomicroscopia, observou-se OD: câmara anterior formada, opacidades corneanas endoteliais e edema corneano, catarata nuclear +4 com componente subcapsular. No OE não apresentava alterações exceto por catarata nuclear incipiente. Em fundoscopia, havia assimetria na escavação do disco óptico 0,75 OD e 0,4 OE. Ao exame de Microscopia Especular: OD Pleomorfismo e polimegatismo com densidade celular 534(OD) e 2590(OE).
Encaminhado para realização de FACO-DMEK OD. A cirurgia foi realizada, porém ocorreu falência primária de transplante, associada a atrofia de íris nasal superior e corectopia. Indicado então para transplante penetrante e LIO com fixação iriana devido a fragilidade capsular.
Gonioscopia OD: presença de goniossinequias continuas exceto no quadrante temporal superior
Paciente mantém-se estável após a cirurgia com transplante tópico porém pressão intraocular (PIO) com difícil controle apesar do manejo clínico com hipotensores.
A Síndrome Iridocorneal Endotelial (ICE) é uma afecção rara, unilateral, 20-50 anos, caracterizada por anomalias do endotélio corneano, graus variáveis de atrofia da íris, fechamento secundário do ângulo. A fisiopatologia inicia com a proliferação anormal de células endoteliais no ângulo camerular, levando a alterações irianas, descompensação da córnea e glaucoma secundário. Essa condição é subdividida em 3 variantes clínicas: atrofia essencial da íris, síndrome de Chandler, na qual a alteração mais evidente é o edema de córnea e síndrome de Cogan-Reese. O diagnóstico pode ser difícil na fase inicial, pois as anormalidades da íris são sutis ou ausentes. Assim, é importante o acompanhamento clínico e da pressão intraocular, visto que, o glaucoma é causa de cegueira nesses casos.
Glaucoma
Instituto de Oftalmologia Ivo Corrêa-Meyer - Rio Grande do Sul - Brasil
Bruno Amélio De Borba, Bruna Michelon de Oliveira , Werner Berg
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Responsável Técnica Médica: Wilma Lelis Barboza | CRM 69998-SP